quarta-feira, 13 de outubro de 2010

as mihas considerções sobre... Facebook

Já não publico nada no blogue há algum tempo e, aproveitando a ocasião de, nem sei bem porquê, iniciar sessão no Facebook (sim porque eu tenho a conta no Facebook apenas e só para poder utilizar o Facebook Connect para iniciar sessão mais facilmente noutros sites). E, como o nome do meu perfil dava por "Gabriel Ma", decidi alterá-lo. Isto porque, o meu nome de utilizador começou por ser "Gbl Ma" para proteger a identidade, depois mudou para "Gabriel Ma", e como isto não tem jeito nenhum e praticamente toda a gente põe o seu nome verdadeiro completo no seu perfil (algo de que eu discordo plenamente), decidi pôr também (só para não ser gozado pelos meus "amigos").

Hoje em dia, fala-se tanto da insegurança na Web, dos problemas que advêm de expôr dados pessoais, de não colocar fotos pessoais, etc. etc., no entanto a maior rede social do planeta com mais de 500 milhões de utilizadores não parece estar muito preocupada com o assunto. Pelo contrário, ainda incentiva os utilizadores a partilharem informação verdadeira sobre eles próprios - até aqui tudo bem. Mas, ao alterar o nome do meu perfil, eis que me deparo com algumas instruções, no mínimo, anti-ética de segurança e privacidade na Web.
Ora aqui vai, algumas capturas da interface onde podemos alterar o nome do perfil (por ordem de abertura):

E agora, aquela que considero mostrar melhor o que digo quando falo em "informações completas":
"Incluir todos os nomes próprios e sobrenomes(...)"????? Mas o que é isto? Eu coloco no perfil o nome que eu quiser; o perfil do Facebook não é nenhum documento oficial que tenha de incluir o meu nome completo! Só para completar a história, depois de clicar em "Confirmar Alteração", o Facebook diz-me que o pedido de alteração de nome foi enviado, o que significa que os meus dados irão ser validados - muito provavelmente para confirmar que eu incluí lá todos os meus nomes (e já agora, o dos meus amigos, família e vizinhos!).

Não é só no nome que o Facebook é intrusivo e pede demasiada informação para, depois, a colocar no perfil à vista de todos. Muitos outros tipos de informação são requisitados, como idade, sexo, Mesmo que, nas definições de privacidade, escolha ocultar tais dados, é do conhecimento de quem ler a política de privacidade, que o Facebook cede os dados (mesmo os privados) do perfil as empresas que o peçam (que o paguem, melhor dizendo). só que, felizmente, essas informações são tornadas "não identificativas" para que não possam ser associadas ao "proprietário" do perfil.

Com tanta informação, incluindo fotos, vídeos, dados de aplicações e jogos, etc. é naturar que qualquer pessoa que se interesse minimamente por saber sobre a vida dos outros consiga saber números de telefone, endereços e-mail, gostos, conhecimentos, e por vezes moradas, rotinas e até mesmo nomes de familiares, amigos e outras pessoas relacionadas com o "proprietário" do perfil. Como é que todos os 500 milhões de utilizadores do Facebook ainda não foram alvo de crimes através da internet, eu não sei (e existem outras pessoas que também não sabem), mas a meu ver existem muitos mais casos de obtenção de informação pessoal e confidencial na internet (e principalmente através de redes sociais) do que aqueles que são contabilizados. Porquê? Porque é tão fácil obter essa informação que ninguém dá por nada.
Mas as redes sociais são todas ainda muito jovens, são ainda uma "modernice". Não é que eu seja retrógrado, nem é que seja contra as redes sociais (aliás, eu tenho a minha própria rede social), mas não estou de acordo com as informações que algumas redes sociais (por sinal, as mais populares) consideram ser boa ideia ter no perfil, nem de acordo com a maneira como lidam com elas.
Como eu ia a dizer, as redes sociais são ainda uma modernice e na minha opinião a maior parte das consequências desta enxurrada de informação pessoal disponível online ainda estão por vir.

Outro assunto também relacionado com redes sociais, e principalmente o Facebook, é a utopia que se está a criar e consiste em que "todas as pessoas do mundo têm Facebook, desde que nascem até que morrem". Embora isto seja cada vez mais verdade, não é obrigatório nem deve ser, e no entanto, muitos serviços (não só online e relacionados com quem utilize a internet, mas que também os utilizados nosso dia-a-dia) irão estar directamente relacionados com serviços e contas online. Contas essas que, neste momento, são geralmente as do Facebook, devido ao elevadíssimo número de utilizadores deste serviço.

Este último parágrafo vem ao encontro de uma frase ouvida numa reportagem da SIC (mais precisamente, uma "Grande reportagem SIC", emitida no mesmo dia do 18º aniversário do referido canal de televisão, salvo erro, dia 6 deste mês), sobre o futuro da televisão em que se dizia algo como: (isto é uma espécie de resumo que que eu vi, com algumas explicações minhas pelo meio)
No futuro, uma televisão irá detectar automaticamente o utilizador quando este inicia a sua utilização (provavelmente através de reconhecimento facial, mas isso agora não vem ao caso) e irá carregar os seus canais, vídeos, imgens, perfil e mural do Facebook (e eles falaram especificamente no Facebook), e as suas preferências e informações serão carregadas a partir do seu perfil (na referida rede social). Isto permite que se dirija a casa de uma outra pessoa qualquer, se sente em frente à televisão dessa pessoa, e o aparelho carregue o perfil, vídeos, notícias e canais como se estivesse em sua casa.
Uuuh, não posso esperar por esse futuro. Mas por enquanto, entretenho-me a pensar nas desvantagens e problemas que isso poderá criar. No dia seguinte, estava na escola a conversar com um amigo sobre essa mesma reportagem e exactamente "a parte do Facebook", quando o meu colega falou exactamente sobre a questão em que eu andava a pensar desde o serão anterior:
E se quem se sentar em frente à televisão não tiver conta no Facebook, nem deseje ter?
Pois é, o sistema tem de estar preparado para lidar com esses casos. Ou será que nesse futuro, todas as pessoas, até mesmo os meninos em África tenham, obrigatoriamente, de ter conta no Facebook? Algumas das soluções e consequências (umas mais sérias, outras mais a brincar) que eu e o meu colega pensamos foram:
  • Se o utilizador não tiver conta no Facebook, é-lhe criado automaticamente uma conta no referido serviço, até porque segundo a "utopia": "não tens conta no Facebook? És mesmo totó" (a mim disseram-me exactamente isto antes de ter uma conta, mas substituindo o "totó" por uma coisa bem pior e mal educada - a juventude hoje em dia... e os adultos daqui a 10 anos... - e não foi por isso que senti vontade de criar conta no Facebook)
  • Se o utilizador não tiver conta no Facebook... "Ocorreu um erro. Por favor contacte o suporte técnico para mais informações em como preparar a sua televisão para a primeira utilização"
  • Se houver um "apagão de internet" (sim, porque nesse "futuro" a internet irá ser tão importante quanto a electricidade), não há televisão para ninguém.
  • Se houver um problema na API do Facebook (como já ocorreu tantas vezes)... "Por favor aguarde até que o serviço seja reestabelecido"
  • Em caso de catástrofe natural... "O cabo de rede ou o cabo de internet que liga a sua casa à central mais próxima parece encontrar-se danificado. Por favor aguarde até obter mais informações..." :D
Enfim, por hoje é tudo. Já actualizei o meu nome no Facebook... perdão, enviei um pedido para actualizar. Ah, já agora fica aqui o link para a minha rede social em que não é obrigatório dizer tudo sobre a sua vida.
Adeus e até à próxima!